quarta-feira, 8 de agosto de 2007

quando acabar o maluco sou eu



É foda, de vez em quando eu fico pensando no tanto de vezes que eu já fui taxado de louco por um povo absolutamente nada a ver, que me repetia umas histórias bem bizonhas em tom de sermão, de forma a tratarem isso como verdades imediatamente evidentes, não conseguindo ter idéia de como um ser vivente no mundo não consegue arrumar motivos suficientes para ver as coisas de forma semelhante a visão de mundo de quem as possui, sendo estas verdades libertadoras que trazem o caminho da luz e da vida... geralmente essas coisas acontecem com frequencia em "conversas" existentes entre pessoas pertencentes a gerações distintas. Manuais de decoro e códigos de conduta são repetidamente postos frente a frente através do contato de linhagens genealógicas diferentes. Lembro-me de uma história muito engraçada de uma amiga que ao dar seu testemunho a respeito de conflitos familiares, que formam o berço de todas as querelas entre gerações, falou a respeito da falta de educação, na interpretação da sua mãe, com que certos gestos e formas de agir que eram utilizados no tratamento do seu namorado. Falavas-se sempre em mals tratos quando havia referência a relação que era travada entre o casal. Uma situação perfeitamente natural para a mãe que se sente no direito de intervir desta forma na vida da filha, que não aceitava de bom grado a situação além contestar a opinião que a mãe costumava a tornar socializada nos meios familiares. Ao ouvir da filha que seu namorado era muito bem tratado e que não era à toa que ele só vivia de pau duro, a mãe começou a sofrer de inúmeros xiliques por ser esfregada na sua cara, de forma tão patente, o tipo de relacionamento que os dois pombinhos mantinham debaixo do seu nariz, enquanto que a filha permanecia inconformada com o nível de intrusividade que a mãe continuava a ter em sua vida privada/íntima. Coisas como esta que faziam com que a mãe, taxasse sua filha como não possuidora da plenitude de suas faculdades mentais. Enfim, ao ser atribuida para mim a mesma alcunha por parte de um senhor que me ouvia conversar com um colega sobre a minha orientação religiosa, eu fiquei impressionado com o poder que eu tinha de influenciar o comportamentos, humor e estado de espírito de alguem. Mesmo me servindo como uma boa massageadora para o ego, não consegui fazer da situação uma coisa confortável para mim, sendo acometido por uma irritação por sentir estar sendo vigiado dessa forma na minha maneira de expressar idéias que, mesmo não sendo do agrado geral, não têm motivos para serem escondidas das pessoas a que eu julgar que tenha possibilidade de discorrer sobre elas. Logo a minha conversa não estava mais sendo com o colega mas com o senhor, seu parente, que ouvia o nosso discontraido papo a respeito de um assunto que para ele era tabu. Como teólogo e defensor da virtude cristã ele pôs-se a se manifestar efusivamente. Não demorou muito até que eu percebesse que não havia condições de um estabelecimento mínimo de termos de diálogo nesta conversa, então foi minha vez de começar a avacalhar com a situação e mostrar a ele, de uma forma um tanto deselegante,como a situação exigia, o ridículo da idéia a qual ele estava tentando me convencer, induzindo-o a ver o que realmente estaria mais próximo da loucura. Enfim, argumentar a crença em uma coisa cujo uma única estrutura corporal se conseguia conciliar uma natureza tanto divina quanto humana, sendo, como ele próprio já havia dito em sua comunicação, não 50% divino ou 50% humano, mas sim 100% de cada uma destas qualidades, era no mínimo muito estranho. Falar-se em um deus que, manifestando-se na forma de espírito santo, e que segundo as escrituras tomava forma de uma pomba, engravidou uma virgem, que, não se imagina como, assim nesse estado permaneceu antes, durante e depois da concepção, ficando prenhe e parindo quem a engravidou, só que em forma humana, para que este sofra e pague os pecados que todas as pessoas cometem, em substituição aos cordeiros que eram imolados antes de sua vinda e que possuiam esta mesma finalidade. Sendo então este ser chamado jesus, o filho de deus mas ao mesmo tempo ele mesmo, e nós filhos e ao mesmo tempo irmãos de jesus. O senhor ainda tentou argumentar que isso era um mistério da fé e provava o quanto deus é poderoso e rompe com as leis da lógica, coisa que, tentando aliviar toda esta história pra lá de tronxa, na verdade me parecia só mais um disparate, que incrementava toda a sua esquizofrenia, provando o quanto a bitola que ele se enfurnou é estreita. Ser chamado de louco por um indivíduo que consegue acreditar fervorosamente em tudo isso é até um certo motivo de alívio, só assim fico sabendo o quanto não ser normal implica em um bocado de saúde mental... Quanto a minha amiga, eu a desejo uma boa sorte com sua mama do fundo do meu coração!! =D

Um comentário:

Igor Von Richthofen disse...

Certas limitações a que muitos aceitam simplesmente porque é mais simples aceitar o "certo" do formar sua própria opinião em relação a tais "verdades inquestionaveis" que surgem nada mais nada menos da nescessidade que temos de ter desculpas fabulosas que so trazem a falsa segurnaça de que estamos salvos. Deus é so esse medo da morte,da perda. resumindo é um monte de bosta que inventamos pra passar passar o tempo tentando burlar a morte. Gostei do texto, achei bem sincero e direto.