quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Réquiem

Hoje o que me move para reavivar um blog experimental criado há alguns anos atrás por um tão medíocre não-escritor é uma certa dose de melancolia. Esta vem pela ocasião do falecimento de alguem que, apesar da pouca proximidade, conseguiu deixar um espaço bastante digno de estima na minha memória. Não posso chama-lo de amigo, dada a frieza quase polar de nossa relação, mas o apreço pela recordação de suas sábias e sagazes palavras, assim como pela sua sua grandeza como pessoa o fazem ser lembrado como alguem que estaria no mesmo patamar de quem o é. Muito duro é ver a realidade ser esfregada tão cruelmente em nossa cara, de forma a contrariar aquilo que rotineiramente estava programado para acontecer.Ele era quem deveria me ajudar a lidar com esse luto que ele próprio causou! Ter que enfrentar a experiência a morte é algo sempre bastante temeroso. A perplexidade que ela traz quando ronda as nossa vizinhança nos emudece. É difícil aprender o quão frágil é a permanência das circunstâncias que mantêm o nossa existência. É sempre angustiante pensar a respeito desta condição que compartilhamos com aqueles que já se foram, a condição humana. Olhar e sentir o vazio deixado é perturbante demais para ser exprimido por qualquer palavra que exista em nosso vocabulário. Neste sábado, seis de novembro, enquanto o mundo continuava seus giros incessantes, uma pessoa encerrou seu ciclo de alegrias e sofrimentos. Calou-se para sempre uma boca que tinha sempre algo de bom para falar, diferentemente do que se está acostumado ver por ai. Além do luto àqueles que o amavam, deixou um modelo de pessoa a servir de referência. Aos 66 anos, a sensação que deixa é de que sua partida foi prematura. Se algum dia eu chegar a essa idade, o que me virá à cabeça quando recordar dos cinco anos de convívio que, de alguma forma, compartilhamos? Provavelmente muita coisa será dissolvida pela ação do tempo. A certeza é que ficará guardada daqui em diante a afetuosa lembrança de um homem bom!
Maia, descanse em paz!

oi

oi